Aula 2
A propaganda no Brasil: os primeiros anos do Século XX
1900 – 1910
Enquanto o mundo se preparava para a 1ª
Guerra Mundial e nas ruas eram panfletadas campanhas de
recrutamento, no Brasil, o século XX começou com recuperação
econômica, adotando um modelo agrário, fortemente sustentado com exportação de
café, borracha, algodão e cacau.
Os Estados unidos, àquela altura já
havia substituído a Inglaterra como a maior potência econômica do
Planeta. A importação de novas técnicas de
impressão faria multiplicar, nas capitais brasileiras, alguns periódicos
ilustrados(revistas). Os anúncios ganham mais cores.
Artistas conhecidos
passam a desenhar os anúncios publicitários (Julião Machado, Vasco Lima, etc.)
e os poetas famosos se tornam os nossos primeiros copywrites (Olavo Bilac,
Emilio de Menezes, Hermes Fontes, etc.) Os anúncios da época eram produzidos em
grandes formatos, continham muitas ilustrações em P&B ou no máximo duas cores. Os
textos eram produzidos por poetas. E você sabe o que é um copywrite?
1905
As peças publicitárias nasciam da
junção de vários elementos, assinala Marcondes (2002, p.16) que “da
literatura e do jornalismo a publicidade importou o texto; do desenho e da
pintura, trouxe as ilustrações”. Com o surgimento da “Revista da Semana” no Rio
de Janeiro em 1900, os anúncios, além de cores e imagens ganham bom gosto e
novas técnicas de impressão. Nesta mesma data do surgimento da revista começam
aparecer sátiras políticas na propaganda que se prolonga por toda década (100
ANOS DE PROPAGANDA, 19(80), p.15).
Revista O Malho
No seu editorial de
apresentação aos leitores (20/05/1900)a Revista da Semana assumira o
compromisso de publicar “excelentes gravuras, copiadas de fotografias, o que
deva excitar a curiosidade pública”. Prometia, quando possível, “juntar-se-á a
isto o texto necessário para a boa compreensão dos fatos, embora, em regra, nos
empenhemos em multiplicar de tal modo as estampas, escolhendo-as tão bem que
dispensem comentários”.
1910 – 1920
O período de 1910 a 1918 é marcado pela
efervescência da guerra e politização. Os políticos eram referenciados e se
tornavam garotos-propaganda.
Um dos anúncios da Manah de um alimento
fortificante, uma espécie de Farinha Láctea da época, veiculado na Revista
“Fon-Fon” mostra o Barão do Rio Branco (diplomata e cônsul brasileiro), gordo e
saudável conversando com um menino.
Legenda: – Seu Barão, o que devo fazer
para ficar forte e bonito como o senhor? A resposta: Deves-te alimentar com o
milagroso Manah, que, além de ser atualmente a salvação das crianças, ainda
oferece um premio de 500$000 (100 ANOS DE PROPAGANDA, 19(80), p.15).
Em 1914 instala-se na cidade de São
Paulo, pelo Publicitário e Jornalista João Castaldi, em sociedade com o
empresário Jocelyn Benaton a Eclética, a primeira agência de propaganda do
Brasil. Na sua fundação foram contratados escritores e artistas para preparar
os textos e ilustrações dos anúncios. No início, o trabalho era de agenciadora
de anúncios em jornais impressos, especialmente no jornal O Estado de S. Paulo.
“Uma das primeiras batalhas de Castaldi foi conseguir junto aos jornais o
pagamento da comissão de 20% pela captação e veiculação dos anúncios
publicitários”, conta o pesquisador de história da propaganda e professor do
curso de publicidade do Mackenzie, Adolpho Queiroz. Outra preocupação dos
pioneiros era a de fixar a marca da agência, que em uma das campanhas da época
pede que os clientes reflitam antes de executar “seu plano de
propaganda”.
Anuncio Agência
Eclética - 1914
A proposta era anunciar nos principais
meios de comunicação (revistas, jornais, cartazes e mala-direta), tendo
como anunciantes: Ford e Texaco, para quem a agência criou mapas que
mostravam a localização dos postos de gasolina nas principais estradas brasileiras.
Nos anos seguintes, o portfólio cresceu e abrigou marcas como Sabonete Lux,
Guaraná Chapagne, Maizena Duryea, Kolinos, Palmolive, Parker Pen, Gillette,
Aveia Quacker, Biscoitos Aymoré e sabonetes Eucalol.
Anúncio Guaraná
Champagne
Anúncio Testemunhal
com a cantora de rádio Emilinha Borba
No final da Primeira Guerra Mundial,
São Paulo contava com cinco agências. Os maiores anunciantes eram a Farinha
Láctea Nestlé, o Extract Vision de Fleurs da Colgate-Palmolive, a Colgate Baby
Talc Powder e a Bayer. Revistas com fotos
de senhorinhas, crônicas, sonetos, reportagens leves e notas sociais. Anúncios
de cigarro, teatros, perucas, alfaiates, lojas elegantes, moda e produtos de
beleza.
Anúncio Sensual Leite
de Rosas
Anúncios
coloridos à mão - Biotônico Fontoura
O primeiro grande
painel ao ar livre, chamado réclame yankee (outdoor), exalava o xarope Bromil.
Imagens de Reclame
Yankee
Anúncio Ilustrado
Xarope Bromil
Anúncio Testemunhal com Olavo Bilac - Poeta e escritor
Em Goiás, surge o Jornal Informação Goyana que circulou de 1917 a 1935. Era escrito por Henrique Silva, no Rio de Janeiro e não distribuía apenas em Goiás, mas em várias capitais e embaixadas. Os anuncios eram todos captados por lá, portanto, referiam-se ao comercio do Rio de Janeiro, nenhum goiano. Assim, na edição de 15 de junho de 1918 aparece o primeiro anuncio do Estado de Goiás, de uma escola de Jataí com fotografia
alguns outros anúncios seguiram.
1920 – 1930
Na década de 20 o Brasil ganha um novo meio de comunicação: o rádio, que representa um marco e uma grande revolução na publicidade brasileira. Os maiores anunciantes eram a Casa Colombo, Bromil, Cigarros Veado, Biotônico Fontoura, entre outros.
Anúncio de Carnaval -
Casa Colombo
Em 1926 os Laboratórios Fontoura
contratam Monteiro Lobato para escrever a história de Jeca Tatu, personagem que
faria a propaganda dos produtos Fontoura e protagonizaria as campanhas de
conscientização do Laboratório.
Anúncio do
Laboratório Fontoura com Monteiro Lobato e o Personagem Jeca Tatu
Anúncio do Laboratório Fontoura
A
General Motors (GM) desde 1926 tinha um departamento de propaganda, que se
dissolveu em 1929. Isso marca a entrada da primeira agência multinacional ao
Brasil, a J. W. Thompsom, vindo para servir a conta da General Motors, fazendo
então que seu departamento de propaganda fechasse.
Em goiás, as festas religiosas eram propagadas através de cartazes
Cartaz Festa de
Trindade - 1924
1930 – 1940
A crise de 1929 e as Revoluções de 1930 e 1932 foram acontecimentos que
não só abalaram a economia e a vida do país, mas que também paralisaram a
propaganda totalmente, bem na passagem do período de especialização (começo das
agências).
"A propaganda no Brasil, começou antes das necessidades do mercado e antecipou-se ao período que eclodiram as técnicas e a industrialização" "A Revolução de 1932 foi a implantadora da indústria no país" foram palavras de Aldo Xavier, publicitário que esclarece este período de transição.
"A propaganda no Brasil, começou antes das necessidades do mercado e antecipou-se ao período que eclodiram as técnicas e a industrialização" "A Revolução de 1932 foi a implantadora da indústria no país" foram palavras de Aldo Xavier, publicitário que esclarece este período de transição.
Antes dessas comoções, as tentativas resultavam sempre em falhas. Mas em
ecos de Modernismo que trabalhava o publico e com o aparecimento de uma
indústria nacional, em um quadro amplo de evolução, a propaganda se desenvolveu
mais rapidamente. Com isso, investimentos diversos começaram.
Mas, sem dúvida, a propaganda no Rádio
foi a grande sensação desta década:
A primeira fase da propaganda no Rádio foi marcada pelo pioneiro
Sangirardi Jr. que se destacou pelos programas de grandes dimensões,
musicais, locutores, programas de auditório, rádionovelas com grandes recordes
de audiência. Uma época onde milhares de pessoas ouviam rádio e se
identificavam com locutores, músicas e os personagens das radionovelas.
A agência Eclética criava seus grandes anúncios, e seu
inovador lançamento os anúncios classificados, isso até a chegada da agência
N.W. Ayer, com o intuito de trabalhar na criação publicitária para a Ford
no Brasil e conseguir a publicidade do café brasileiro para os E.U.A.,
instalando-se em São Paulo onde ficava os escritórios centrais da Ford e mais
futuramente no Rio de Janeiro conforme sua expansão.Nessa época, os anunciantes
eram lojas de departamentos, restaurantes, lanchonetes, xaropes.
A Ayer foi uma grande e inovadora agência,
destacando-se no rádio. Seguia os princípios da mais rigorosa ética,
controles rígidos nas finanças, descontos para pagamentos à vista, a
equipe de trabalho, entre outros fatos, fazendo com que a agência tivesse como
clientes, além da Ford, algumas das maiores empresas do Brasil como: a Gessy,
General Eletric, a Light, o Departamento Nacional do Café, entre outras.
1933 - haviam 50 mil receptores de
rádio no Rio de Janeiro e 3 transmissoras em São Paulo.
1938 - haviam 10 emissoras só na cidade
de São Paulo e 24 no interior do estado.
Aparecem os spots, os programas
associados à marcas e os jingles. Os produtos farmacêuticos ainda são os
maiores anunciantes, mas começam a aparecer também comerciais de cervejas,
loterias, cigarros, automóveis e lubrificantes, pneus, lâmpadas e cremes
dentais.
Na mesma época surgem os primeiros outdoors, com anúncios da Ford,
Chevrolet, Goodyear, Pirelli, Atlas, Essolube, Texaco, Atlantic, Frigidaire,
Cinzano e Gancia. E nos jornais, a concorrência se dava através de
competição, réplicas e tréplicas dos anunciantes.
Painel Astória na
cidade de São Paulo
Painel Válvula Primor
Painel Xarope São
João
No canto superior direito da imagem -
anuncio de Cerveja, graficamente simples.
1940 – 1950
Segundo Adolfo Milani, em 1939, com o inicio da 2ª Guerra Mundial,
“homens ligados ao mundo dos negócios não se preocupavam, pois acreditavam que
a guerra não traria modificações ponderáveis”. Mas Alcindo Brito mostrou-se
cauteloso e sua preocupação estava certa “... a fogueira da Europa afetaria em
parte os negócios no Brasil”.
Assim, o período de 1941 a 1945 foram anos de guerra também
para a propaganda. Guerra das trocas comerciais. Já no período de 1945 á
1950, o país procura corrigir as falhas no desenvolvimento econômico e
social pós-guerra. A década de 40 as atividades publicitárias foram as
mais turbulentas. Problemas surgiram e houve um decréscimo violento no
movimento de anúncios. Foi uma fase um pouco mais expressiva na criatividade.
Período áureo do testemunhal utilizando as rainhas do Radio e período frutífero
do jingle publicitário: merecendo destaque os da Coca-Cola, da Lever e da
Sonrisal.
Anúncio
revista do Rádio - Testemunhal para Lever protagonizado com Carmem
Miranda
Nesta época foram criadas também as datas promocionais, como Dia dos
Pais, Dias das Mães, para aquecer o período mais fraco do comércio. Foi também
um período de grande trabalho, e é quando as agências se sobrecarregam e passam
a ter necessidade de trabalhar até tarde da noite.
Assim, surgem as primeiras tentativas
de disciplinar a ética da propaganda, com Conselho Nacional de Imprensa (CNI) e
da Associação Brasileira de Propaganda (ABA). Em fevereiro de 1949
acontece um convênio entre as principais agências para a fixação de normas
padrão para a regulamentação da propaganda, resultando no surgimento da
Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap).
As radionovelas Manhã de Sol de Oduvaldo Viana, Sítio
do Pica-pau Amarelo de Edgar Cavalheiro, os radioteatros como o grande “Em
busca da Felicidade” e os programas de auditório estavam em evidência. Os
produtos anunciados viravam brindes para o auditório, centenas de produtos eram
anunciadas por artistas e apresentadores, as vitrines se sofisticavam para
atrair mais ainda os consumidores. Grandes empresas e os grandes anúncios se
multiplicavam, como por exemplo, a Coca-Cola.
Anúncio
revista do Rádio - patrocínio Colgate
A guerra influenciava muito na propaganda, imagens
e os textos ligados a bombas, destruição e logicamente com humor, como por
exemplo:
Anúncio revista sobre programas de Radio-teatro sobre a guerra.
Houveram também grandes mudanças, evoluções, novos gêneros de se fazer
propaganda, os slogans, jingles, promoções, crediário, entre outros, sem falar
nos profissionais que se dedicavam diretamente e exclusivamente a determinadas
empresas. O crediário por sua vez, foi a “grande atração do momento”,
facilidades de pagamento, tudo para agradar os consumidores.
Esse crescimento espantoso fez o mercado publicitário e seus
profissionais tivessem necessidades de organização, disciplina e conceitos.
Nasciam em 1949 os convênios entre agências de propaganda, juntamente com a
Associação Brasileira de Propaganda (ABA) e o Conselho Nacional de Imprensa
(CNI) tempos mais tarde surgia a Associação Brasileira de Agências de
Propaganda (ABAP).
Em Goiás:
A Revista Oeste. que versava sobre Cultura na recém-criada nova capital, circulou entre 1940 e 1942
A Revista Oeste. que versava sobre Cultura na recém-criada nova capital, circulou entre 1940 e 1942
Exercício:
Em grupo.
Agora que você já aprendeu um pouquinho sobre a propaganda no inicio do
século XX, em grupo, aprofunde seus estudos neste período enfocando,
através das décadas, quais as campanhas e anunciantes mais se destacaram.
Pode
usar fotos e videos e não deixem de mencionar as marcas, e os tipos de
anúncios: seja em jornais, revistas, emissoras de rádios (jingles, spots,
novela de rádio, programas), cartazes de rua e/ou outdoors. Sugiro que dividam
o texto por décadas e tracem o panorama politico/social do Brasil.
IMPORTANTE:
Não esqueçam da propaganda goiana.
A postagem deve ter o seguinte titulo: Atividade Aula 2 – A
propaganda de 1900 – 1949 - Grupo: (Nome e primeiro sobrenome de
cada um, ex.: Marina Silva, João Sousa, etc).






























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